d-_-b Hey, tem playlist pra essa edição :)
I took my love, and I took it down
I climbed a mountain, and I turned around
And I saw my reflection in the snow covered hills
Till the landslide brought me down
Eu não sei se posso dizer que sou uma pessoa funcional. Eu acordo de manhã, trabalho, concluo tarefas,converso, sorrio, me divirto sempre que possível, mas não sei se posso chamar isso de ser funcional. Porque aqui dentro, é como se só o modo sobrevivência estivesse ligado, em alguns momentos/dias eu vivo, mas na maior parte deles, sobrevivo. Faço o necessário pra chegar na próxima hora e assim vou indo. Pra não culpar a mim mesma o tempo todo, eu culpo a pandemia.
No começo de 2020 eu estava pronta pra seguir com grandes mudanças na minha vida. Tinha saído de casa há seis meses pra morar com meu namorado, estava terminando uma pós que amei fazer, integrada nos movimentos sociais da cidade, produzindo conteúdo sobre criminologia feminista no Instagram e tendo um retorno bastante positivo. Era o auge, mas não durou. Em março daquele ano todos os meus planos foram abaixo e passei a viver um dia de cada vez, sempre com uma carga imensa de medo, ansiedade e impotência. Em 2021, faltando uma semana pra vez deles de tomar a vacina (o que teria ocorrido muito antes se vocês sabem quem não tivesse tentado matar todo mundo), meus pais pegaram covid e minha mãe ficou três semanas internada no meio daquele caos. Isso acabou de acabar comigo. Pouco tempo depois fui diagnosticada com depressão e venho tentando me recuperar desde então.
Não tem sido fácil, sinto que envelheci vinte anos nesses últimos quatro. Dez só no ano passado, quando minha mãe ficou um mês no hospital e foi diagnosticada com câncer metastático. O medo de perder minha família e a vida como eu conheço não cessou na pandemia, pelo contrário, sinto que aumentou e que não quer mais ir embora. É uma situação impossível de lidar, porque por mais que a gente saiba que só temos mesmo o dia de hoje, saber que a pessoa que você mais ama no mundo, a pessoa que é o chão sob seus pés tem uma doença agressiva e incurável traz toda uma nova perspectiva de dor. É como se algo ou alguém estivesse esmagando meu peito vi-nte-e-qua-tro-ho-ras-por-dia.
Oh, mirror in the sky, what is love?
Can the child within my heart rise above?
Can I sail through the changing ocean tides?
Can I handle the seasons of my life?
Então eu sobrevivo e tento funcionar da melhor maneira possível, mas raramente consigo fazer além do mínimo viável e viver nessa condição por anos também me dói muito, porque vejo meus sonhos se esfacelarem diante da minha desesperança e falta de energia. Na verdade, não ando tendo força nem pra sonhar. Gravidez, mestrado, paz mental, tudo parece tão longe e inalcançável que só me resta mesmo sobreviver.
Sigo aqui, tentando escrever as cartas que mando e que não mando, um pouquinho em cada canto, me expressando como posso pra tentar entender aquilo que não posso. Me desespero pra recuperar um tempo perdido que sei que não vai voltar e pra não perder mais tempo. Ao mesmo tempo, queria só mesmo que o tempo parasse, pra eu poder sentir minha dor em paz, sem ser julgada, sem me julgar.
Well, I've been afraid of changing
'Cause I've built my life around you
But time makes you bolder, children get older
I'm getting older too…
me identifiquei bastante com o seu relato <3 um abraço enorme!
Lívia, sinto muito que esteja passando por tudo isso.
Espero que fique bem.
Abraço!