Acordar de manhã em um feriado nem muito frio nem quente, com o nariz escorrendo e os problemas digestivos de sempre, uma náusea infinita que não vai embora e parece aumentar quando escolho abrir os olhos e turbinar meu cérebro com notícias doídas, críticas e queixas daquela rede social que está a cada dia melhor calibrada pra nos deixar infelizes.
Levanto da cama sem ânimo de viver, lutando comigo mesma pra ver se vence a dor no corpo que me chama pra academia ou a dor na alma que me empurra da cama pro sofá. Atualmente o placar dessa disputa tem sido bem desigual, quase toda semana encerrada num 7x1 de frustração e uma angústia que demanda mais do que eu posso dar pra supostamente se resolver.
Minha vida. O que eu fiz dela e ela fez de mim? Como chegamos nesse beco sem saída que na verdade tem saída, mas parece apontar pra um só destino?
Me sento aqui pra pensar e escrever sobre esse vazio que não há atividade ou pensamento que preencha. E sobre como esse vazio me chama, como mergulhar dentro dele tem sido tão inevitável e tão asfixiante. Como faço pra sair desse lugar?
Construa hábitos, vá à academia, assuma suas responsabilidades com energia, minha consciência me diz. Já meu inconsciente, só quer saber de flutuar nesse limbo de gosto amargo, na tentação de cessar as braçadas e me deixar afogar.
A outra rede que abandonei porque dificulta ver a realidade das coisas (aquela de imagens) tem me chamado de volta, hoje quase atendi. Mas a verdade é que não tenho nada pra dizer, não ali, não com o suposto propósito que dei praquele lugar. Tenho vontade de voltar, pra talvez colocar minha cara em vídeo e reclamar, dizer como estou num momento ruim, na esperança de que alguém me perceba e me socorra. Mas isso também é uma ilusão, assim como 99% do conteúdo “produzido” por lá.
Não preciso disso agora, preciso encarar no espelho a minha vida real, feia, tosca, torta, rota. Preciso olhar pra mim e entender o que eu tô fazendo aqui, quais os propósitos quero seguir e como limpar essa lama que deixa tudo tão feio e pesado. Ninguém pode fazer isso por mim, certamente nenhum algoritmo de rede social menos ainda. Mas corro dessa faxina assim como corro das pilhas de roupas emboladas no meu armário, das plantas desesperadas por cuidado no terraço e das coisas quebradas há meses que não quero ter o trabalho de consertar.
Fico em estado de contemplação, aguardando a próxima decisão, a próxima racionalização. Se vou bater pelo menos um pouco os pés em direção à superfície ou se, só por mais um dia, vou me deixar afundar.
P.S.: Estou revendo Grey’s Anatomy e o lado “dark and twisted” da Meredith está caindo como uma luva. Então…
É isso, até. :)
Muitos dias assim. Parece que a humanidade bate e a gente tem que ficar se lembrando que a vida pode ser boa. Meu antídoto nesses dias é me encher de coisas que gosto: planejar viagens, descansar, ler um livro fisico, yoga fazer respiração 4-7-8 ou 6-6-6 por 3x quando sinto que to espiralando pro fundo do poço. Tem que ser alguma coisa simples que caiba no tempo que eu tenho. Pra sair do modo sobrevivência e ativar o modo só vivência. pra viver o tempo presente. Adoro a rede de imagens como album de fotos de momentos que não quero esquecer e algumas informações uteis mas todo o resto tenho cada vez menos paciência pra tanta superficialidade. Haja força.
li e me veio na hora a música "queremos saber" da cassia! um abraço bem forte aí!