#10 As "micro regrinhas" que regem a minha vida
e me deixam parada na estação, vendo o trem passar
Pra começar esse texto por exemplo, preciso vir dizer em tempo real que as ideias de temas e títulos vem em massa, o tempo todo, em mil formatos, inclusive. Já a primeira linha… essa não pode ser de qualquer jeito, é preciso estabelecer umas regras, colocar “ordem na casa” antes de começar. E o que seria essa ordem? Bem, tomando como exemplo essa Colcha de Retalhos que costuro para vocês, o início de um texto precisa ser impactante, tem que antecipar em poucas linhas tudo de legal que você vai encontrar nas próximas, tem que prender sua atenção em algo que possivelmente vai gastar mais de dois minutos.
Aí beleza, se consegui passar desse primeiro iceberg, vem a segunda rodada de questionamentos: qual mensagem quero passar com isso aqui? O que tô dizendo vai ser útil pra alguém ou é só um vomitar de palavras que eu deveria manter nas pastas do meu dropbox? Quais critérios devo utilizar pra saber o que fica no dropbox e o que vê a luz do dia no substack? Essas perguntas costumam me tomar alguns dias de execução e me colocam de volta no estágio da ruminação, aquele que vem antes mesmo da escolha do tema.
Tem também a barreira da curadoria, que eu me habituei a fazer em todas as edições, mas meu sistema é caótico e tomaria um tempo que tem sido difícil de conseguir ultimamente. Envio sem curadoria? A pergunta que já chega carregando consigo mais uma série de tijolinhos no caminho. Ficar mandando esses textos mais diretos que são meio que desabafos não vai fugir da minha linha editorial? Mas qual é mesmo minha linha editorial? Aí lembro que preciso logo escolher uma linha editorial para aumentar as chances das pessoas gostarem do meu conteúdo. Preciso ser consistente, constante, frequente. A edição de março não era pra ser sobre o mês da mulher? E assim vai… um emaranhado de amarras que vão prendendo minhas ideias e sufocando qualquer vontade de me movimentar em direção a um resultado final. Dias, semanas, meses e muitos, muitos caracteres a escrever, sequestrados sem chance de resgate pela parte mais perversa de mim, aquela que não acredita que escrever é bom e que eu sou boa em escrever.