Mas a verdade é que nunca cumpri essa tarefa desde que a coloquei ali. É pra supostamente sentar aqui e escrever por meia hora, pouquinho, rapidinho, todo dia, pra praticar, soltar a tal da “inspiração” que desapareceu de mim sei lá há quanto tempo. Pelo que ando lendo, o mundo não anda muito inspirador ultimamente mesmo.
Hoje no livro sobre hábitos aprendi que construir um hábito é, antes de mais nada, entender quem você quer ser e, a partir desse entendimento, começar a agir da forma que essa pessoa agiria. No meu imaginário desejoso, eu sou uma pessoa que escreve, habitualmente e lindamente e que escreve porque tem gosto de escrever.
Então tô aqui fazendo um exercício de olhar pra esse momento, pra essa noite quente de fim de inverno, aproveitando que estou temporariamente tomada de endorfina - graças ao resultado que a pessoa saudável que eu quero ser conseguiu me entregar hoje - pra seguir em movimento e olhar realmente pra mim.
Desnuda, entorpecida e embalada por músicas gostosas, sozinha na minha casa, que tem um terracinho delícia na porta do meu escritório, com essa parte da noite pra escolher o que quero fazer. Hoje escolhi sentar aqui, entre meus livros, minha água e meus vícios. Não pra abrir um jogo, rolar um feed e desligar a mente, mas pra vasculhar se tem lá dentro alguma capacidade de contemplar o que estou vendo aqui fora.
Minha mãe está viva e voltou a trabalhar comigo hoje, a obra da casa está me enlouquecendo, mas também me embalando no sonho de que em alguns meses estarei vivendo lá e escrevendo de outro escritório, com uma vista de tirar o fôlego. Eu tenho pequenas coisas pra apreciar e é importante parar pra fazer isso sempre que possível.
Estou esgotada sim, bloqueada com certeza, o tempo todo me debatendo pra não afundar. Estou vulnerável, mas madura e mais dura. Esse ano que assim que a gente piscar vai chegar ao fim foi um ano de dores de crescimento, de romper o asfalto na esperança de ver o sol e florescer, lutando incansavelmente pra fazer acontecer.
Por hoje é só, pessoal. :)