Segunda, 12 de fevereiro de 2024
Carnaval lá fora, confusão no meu coração. Aquele mesmo cansaço que não se finda e com ele a eterna sensação do ainda.
Ainda não me resolvi, ainda não me organizei, ainda não me levantei.
Sem dar mais pra dizer que ainda é cedo.
Os dias passam cada vez mais rápido. Cada um, menos um.
Fica na boca o gosto de querer mais, viver mais, fazer mais. Mas é um querer sem movimento, uma água na boca parada, criadouro de nada de bom.
Se eu sinto e sofro e escrevo, eu mudo? Tenho dúvidas porque já fiz isso muito. Escrevi menos do que gostaria no geral, mas mais sobre sentir e sofrer que desejava.
A minha inércia. Presa num elevador sem porta olhando pra parede entre andares. Nem pra cima, só pra baixo. Num alçapão pro túnel sem fim, em direção ao fundo que meus pés não alcançam,sem força pra subir e sem coragem pra me deixar cair.
Carnaval-confusão lá fora e dentro do meu coração.
Olá, pessoa que lê. Quanto tempo!
Minha última edição, a carta pra amiga secreta, me fez lembrar algumas coisas sobre o sentido dessa newsletter, que é ser mesmo a publicação de cartas. Cartas como as que eu escrevia pras poucas amigas que tive no colégio, cartas com palavras e recortes de coisas que eu achasse legal e quisesse compartilhar. Mas a dinâmica de rede social e de publicações na internet como um todo hoje em dia acabou me empurrando pra outro lugar, em que você, pessoa que lê, se torna um coletivo de “inscritos”, um número que precisa crescer de qualquer jeito, com poder de apertar o botão de coraçãozinho e gerar mais um número de aprovação. Quanto sentir cabe num like? Mais do que a gente gostaria de admitir, eu acho.
Fato é que o censor que não me deixa escrever aqui com mais frequência é o mesmo que me lembra constantemente dessa audiência invisível que é plural e por padrão vai me odiar, ou pior, nem ligar pro que escrevo. Aí não escrevo, ou deixo pra gastar minha onda por outros meios, nos meus diários e naquilo que é escrito só pra mim. E assim, deixo de fazer outra coisa que amo, que é me comunicar.
Sempre fui muito só e hoje prezo minha solidão, mas sempre gostei de conversar, por mais contraditório que possa parecer, mas acabei achando mais fácil abandonar esse canal e nada dizer, que conseguir imaginar uma edição que fosse perfeita e digna de chegar nas caixas de email e nas telas desse número abstrato a que me vejo obrigada a servir.
Então tô aqui tentando de novo, me comunicar com quem quer ler, uma pessoa de cada vez, um retalho de cada vez. Um dia talvez eu me junte e faça de fato uma colcha, talvez eu jogue tudo pro alto como se fossem cartas da Xuxa. Quem vai saber?
Miscelânea
Umas coisinhas que passaram pela minha vida e valem comentar.
Estou bastante introspectiva ultimamente e costumo me refugiar nos joguinhos confortáveis pra me divertir enquanto descanso a cabeça e o coração. Essa semana fui capturada por um desses, indicado pela Bel Rodrigues, o “Spirit City”, que tem me ajudado a escrever e trabalhar. Não é bem um joguinho convencional, mas uma espécie de “companhia” pros momentos em que você precisa de foco. Lá você pode decorar o quarto, criar seu personagem e escolher um bichinho (spirit) pra te acompanhar na rotina. Conforme você vai fazendo mais coisas e passando mais tempo focada, mais spirits são revelados e opções de personalização são desbloqueadas. Comecei a usar essa semana e tô achando bem interessante. Inclusive tô com ele aberto enquanto escrevo essa newsletter.
Outro que tem prendido a atenção dessa pessoa retalhada de tão dispersa é o fofinho Storyteller. Nele você vai ajudando a escrever um livro, cada capítulo traz um título, personagens e cenários para que você monte a sequência de cenas que compõem a história. Pra quem gosta de imaginar histórias e montar quebra-cabeças é um prato cheio. É uma boa maneira também de pensar fora da caixa, pois nem sempre as soluções mais óbvias vão trazer a resposta desejada, mas aí, só jogando pra saber ;).
Além de jogar jogos, sigo criando e tá quase na hora de lançar a nova edição do Memórias Transversais. Fizemos uma live de pré-lançamento no fim de março e o novo jogo sai oficialmente em junho. É uma edição muito especial, construída com recursos do Edital Murilão, promovido pela Prefeitura de Juiz de Fora. Ficamos muito felizes quando fomos contempladas e hoje tenho muito orgulho de dizer que o trabalho está ficando lindo. Mais uma vez, contamos com o trabalho incrível do Marin Leal nas ilustrações que compõem uma imagem inteira, que dividida ao meio é transformada em duas cartas que se completam. Vem aí demaaais ^^.
Por hoje é só. Algumas novidades e amenidades pra ver se a gente pega tração novamente. Macetando o apocalipse, um dia de cada vez.
"Sempre fui muito só e hoje prezo minha solidão, mas sempre gostei de conversar, por mais contraditório que possa parecer, ..."
Isso ressoou muito em mim.
Muito mesmo!
Tudo de bom pra você, Lívia!